terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mais que palavras, apenas uma imagem

Procurar ângulos diferenciados, imagens diferentes, captar olhares de onde menos se espera e causar o deslumbramento das imagens é a função de um bom repórter fotográfico. Alexandre Souza entrevistado da vez para a turma do sexto semestre de jornalismo.

O fotojornalista Alexandre Souza tem 38 anos de idade, vinte anos de profissão e um bom álbum de imagens ao longo de sua carreira. Começou aos 16 anos entregando jornal e após um ano de muitas andanças o despertar de sua curiosidade pela profissão de repórter, o garoto passa a fazer parte da equipe do jornal dentro da redação ajudando o fotógrafo da empresa a revelar os filmes. A saída do profissional que o ajudou a dar os primeiros passos com as fotos permite então que ele assuma o posto no jornal Comarca. “Foi nesse momento que aprendi tirar foto, errando muito”, conta o fotojornalista que em 1989 fez o curso de fotografia no SENAC.

Trabalhou seis anos no jornal da Comarca, o que segundo ele foi a época que ele aprendeu muito com os erros de defeitos de suas imagens. Passou pelo jornal Cidade onde ficou três anos. Em ambas as empresas Alexandre trabalhava com filmes, “não se podia gastar mais que vinte e cinco fotos, era preciso ter boas imagens em um limite de chapas, caso contrário você era considerado um gastão”. Após sua aprendizagem com o trabalho manual de registros com filme e revelação, o jornalista é apresentado a uma máquina digital, isso quando ele passa a assumir o cargo de fotógrafo na Agência Interior. “Quando eu olhei para aquela máquina, peguei na mão tão pequena, eu que estava acostumado com aqueles equipamentos grandes e pesado, pensei: isso não é para mim!”. No entanto, Alexandre logo após algumas explicações sobre o futuro do jornalismo na web, o profissional passou a trabalhar com o pequeno equipamento. Mas ainda assim não abre mão de trabalhar manualmente com todas as funções que a máquina lhe oferece, pois acredita que somente o manuseio e o olhar humano ao registrar os momentos é capaz de produzir um bom conteúdo, já que muitas vezes as funções automáticas da câmera apresentam graves falhas na execução do trabalho.

E para que se registrem imagens que ganhem destaque no jornal e conquiste a capa, Alexandre explica que o fotógrafo deve estar preparado para tudo, cobrir qualquer situação em qualquer lugar, até mesmo nos mais inesperados possíveis. Segundo ele, os ângulos diferenciados, uma visão que ninguém pensou em captar garante que seu trabalho seja bem executado e reconhecido. Em média são feitas de oitenta a cento e vinte imagens em uma situação graves como, por exemplo, acidentes. Já no cotidiano no registro de cenas urbanas vinte fotos é o suficiente para garantir o material do dia. A profissão exige experiência e o fotógrafo conta que o aprendizado vem da rotina, “é no fazer mesmo do dia-a-dia, ninguém te fala: faz isso, faz aquilo”. E quanto a frase: uma imagem vale mais que mil palavras é válida para o fotojornalista? Ele diz que sim, a imagem muitas vezes diz mais que um lead, um texto de cinqüenta linhas. “Numa determinada situação é possível que você a descreva muito bem, no entanto a imagem é isso, e é capaz de mostrar muito mais”, finaliza.