sábado, 12 de dezembro de 2009

Em uma rodoviária...




Rodoviária é um lugar que se encontra de tudo! E quando digo de tudo, me refiro a todo tipo de gente. Gente bonita, feia, estranha, branca, amarela, negra, pobre e rico. Sim! Ricos também! Há muitos vozinhos cheios da grana que vão buscar sua netinhas linduxas que desembarcam do ônibus com suas mochilas xiquérrimas da Adidas. Direto da "capitar" para o "interiorrr", ou vice-versa. Passam o natal com a família e o Ano Novo com velhos amigos, em qualquer lugar que tenha bebida e alegria.

Em uma Rodoviária encontra-se também atendentes das várias empresas mal-humorados, faxineiros de saco cheio de limpar trinta vezes o mesmo lugar, e ainda assim capazes de serem solícitos para qualquer ser que disponha de mínimo de educação. Assim como barraquinhas com cheiro de fome, por vezes incapazes de saciar o estômago de alguém exigente. Encontra-se até mesmo quem não se encontra e somente está ali...

Numa espera de 30 minutos em uma Rodoviária é possível flagrar muitas cenas interessantes. Esperar em um lugar desses é se dispor de um tempo ocioso que não lhe é optativo. Ou se espera, ou espera, caso precise realmente se deslocar e não possui recursos, como uma charanga ou uma caroninha abençoada.

São justamente em momentos ociosos como estes que percebemos o quão somos raros e surpreendentes. E ao mesmo tempo previsíveis e iguais.

Uma bela morena de cabelos longos e lisos, com pernas esguias e elegantes cobertas por uma calça jeans tão apreciada pela moda moderna quanto o óculos escuro e grande que a torna mais sexy, é reparada, paquerada e invejada. Homens e mulheres são capazes de lhe considerarem esses sentimentos. E consideram. Curtem esse momento até a chegada de outra nobre e fresca figura. Esta, provavelmente vinda do nordeste. Lá pras bandas do "óxente bixinhu!". De cabelos curtos, vermelhos e bem fixados à cabeça, veste um curto e arretado vestido. Sua bagagem chama tanto a atenção quanto seu estilo. Pronto! Isso basta para que a bela morena de cabelos longos e lisos perca os olhares atraídos pela sua presença. Pernas a mostra e cabelos bem unidos com gel chamam mais atenção. E tão logo mais outros personagens aparecem. Cada um com seu estilo, uma história, um destino... Ambos dividem o mesmo chão, o mesmo ar. Estão suscetíveis a tudo de bom e ruim que o mundo oferece.

E o ônibus chega. Embarques e desembarques. E uma certeza de que os próximos minutos de movimentação irá proporcionar visões singulares a quem acompanha tudo isto de perto e espera a sua vez para também embarcar. Quem observa, uma hora também será observado. Para os amantes espectadores da vida, alguns momentos como estes em uma rodoviária tem sabor de liberdade. Liberdade acompanhada do ócio, por vezes mental, quase sempre corporal. Há quem pense que o ser humano é digno de ser observado, e frequentemente quem observa tem a sensação de que foi e sempre será surpreendido.