sábado, 28 de novembro de 2009

Apenas mais uma de amor...

Ela o amava. Ele também. Mas ficar longe não é fácil. E quem disse que ia ser?
Ela luta. Ele segue... Ela ama. Ele responde... Ela liga. Ele nem sempre atende... Ela chora. Ele desconhece...
O que falta?
Talvez nem só de amor vive uma relação. Talvez seja mais que isso... talvez...
Ela escreve no diário. Ele sai com os amigos... Ela se fecha quando triste. Ele se distrai com vídeo-game... Ela teme. Ele vive...
E assim seguem.
Ela aqui.
Ele lá.
O precisam?
Talvez mais que tempo em telefonemas, mais que tempo em internet... Talvez mais tempo juntos... talvez...
Mais uma vez ela chora, até quando? Até quando! Não se sabe... Ela não sabe. Ele não faz idéia do tempo que marca no relógio do coração dela. Ela espera. Ele, a faz esperar...
E assim continuam...
Juntos?
Meio juntos?
Separados?
Até quando?
Até quando o coração dela cansar de bater ao compasso da espera... até ela despertar para um mundo que ela controla seu tempo... ou, até ela mesma decidir tomar coragem e controlar seu próprio tempo. Marcar seu tempo. Descobrir o seu tempo. E não mais esperar. E não mais se enganar. E não mais se iludir. E não mais chorar.
E assim seguem...
Quem sabe um dia ele aprende...
Quem sabe um dia ela aprende...
Quem sabe um dia juntos, aprendam cada a um a seu jeito, cada um em seu caminho...

domingo, 22 de novembro de 2009

Realidade de um sonho

Ela gostava de olhar para o céu. Ver as nuvens, andar sem rumo certo e formar desenhos mais incríveis. Um dragão enorme se aproxima de um pequeno e indefeso patinho. Uma flor torta se aproxima de uma pedra, e mais próximo, e mais próximo... nem flor, nem pedra. Não se sabe mais o que é. Mais um aqui, outro ali... 'Humm que vento bom batendo no rosto! Mas o sol está muito forte, melhor se esconder na sombra da árvore'. Se encosta na raiz de uma bela árvore. Senta. Mais um pouco se deita. Deixa o pouco que tem na bolsa ao seu lado. Fecha os olhos e sonha.

Sonha com o salto alto fazendo barulho no corredor de uma grande empresa
tec, tec, tec, tec...
"Quem mandou fazer isso?" "Eu quero esse relatório na minha mão agora!" "Mais tarde nos falamos, estou em uma reunião de negócios"

Seus lábios se contraem, ela sorri. Talvez por sonhar com um mundo que está muito longe de ser o seu mas que deseja ardentemente fazer parte tão logo que se formar. Está no colegial, mas está difícil frequentar as aulas. Muitos tiros. Muita violência. Muito medo. Como conseguir chegar a uma faculdade?

Das imagens boas e poderosas que sua mente constrói uma fumaça embaça toda sua visão e de repente ela se vê não mais dando ordens, mas as recebendo. E da pior forma possível. "Venha cá menina, vem cá que eu tô com vontade de tudo hoje" "Cala a boca e vá buscar meu gole de pinga" "Se você abrir essa sua boca carnuda e indecente pra sua mãe eu te corto em três, tá me ouvindo?"
Sim, ela ouvia e dessa vez solta um leve e longo gemido seguido de lágrimas e desespero.

Ela acorda. Cadê seu sonho lindo? E sua imagem de executiva com o salto que faz o barulho mais charmoso que seus ouvidos podem querer ouvir? E as ordens que dava? E os homens que conquistava? E o poder que tinha em mãos?
Se dissiparam, tudo que lhe restou foram as marcas da realidade e o desejo de sonhar outra vez...

Olha ao redor, sua bolsa ainda está ao seu lado com o pouco que lhe resta. Na verdade, o que lhe resta na vida? Voltar para a violência de casa... enfrentar a violência da rua...

Melhor fechar os olhos e tentar sonhar novamente com o sapato de salto alto com o barulho charmoso. Se ajeita. Antes mesmo de sonhar já sorri pra si mesma. Se ela se esforçar mais um pouquinho talvez chegue até mais longe.